Avaliação da qualidade de testes diagnósticos

Ao fazer um diagnóstico, um clínico estabelece um conjunto de diagnósticos alternativos com base nos sinais e sintomas do paciente. Progressivamente ele reduz suas alternativas até chegar à uma doença específica.

Alternativamente, ele pode ter fortes evidências de que o paciente tem uma determinada doença e deseja apenas sua confirmação. Para chegar à uma conclusão final o clínico utiliza-se de testes diagnósticos:

Um teste diagnóstico é um intrumento capaz de diagnosticar a doença com determinada precisão. Para cada teste diagnóstico existe um valor de referência que determina a classificação do resultado do teste como negativo ou positivo.

Um teste diagnóstico é considerado útil quando ele identifica bem a presença da doença. Antes de ser adotado o teste deve ser avaliado para verificar sua capacidade de acerto. Esta avaliação é feita aplicando-se o teste a dois grupos de pessoas: um grupo doente o outro não doente. Nesta fase, o diagnóstico é feito por outro teste chamado padrão ouro.

Os resultados obtidos podem ser organizados de acordo com a tabela abaixo:


Tabela 12: Resultados de um teste para pacientes doentes e não doentes
  Teste  
Doença + - Total
Presente (D) a b a+b
Ausente ($\bar{D}$) c d c+d
Total a+c b+d n

O teste é aplicado a $n$ indivíduos, dos quais sabidamente (a+b) são doentes e (c+d) são não doentes.

Exemplo 3: Em um estudo sobre o teste ergométrico, Wriner et al. (1979) compararam os resultados obtidos entre indivíduos com e sem doença coronariana. O teste foi definido como positivo se foi observado mais de 1mm de depressão ou elevação do segmento ST, por pelo menos 0,08s, em comparação com os resultados obtidos com o paciente em repouso. O diagnóstico definitivo (classificação como doente ou não-doente) foi feito através de angiografia (teste padrão ouro).


Tabela 13: Resultados do teste ergométrico aplicado a 1023 pacientes com doença coronariana e 442 pacientes sem a doença
Doença Teste Ergométrico    
Coronariana + - Total  
D 815 (a) 208 (b) 1023 (a+b)
$\bar{D}$ 115 (c) 327 (d) 442 (c+d)
Total 930 (a+c) 535 (b+d) 1465 (n)

Sejam os eventos:

Temos interesse em responder duas perguntas:

  1. Qual a probabilidade do teste ser positivo dado que o paciente é doente?
  2. Qual a probabilidade do teste ser negativo dado que o paciente não é doente?

Em outras palavras, interessa conhecer as probabilidades condicionais:


\begin{displaymath}s=P(+\vert D)=\frac{P(+\cap D)}{P(D)}=\frac{a}{a+b}\end{displaymath}

e

\begin{displaymath}e=P(-\vert\bar{D})=\frac{P(-\vert\bar{D})}{P(\bar{D})}=\frac{d}{c+d}\end{displaymath}

Estas probabilidades são chamadas sensibilidade e especificidade. Numa situação ideal a sensibilidade e a especificidade deveriam ser 1.

Alternativamente, duas outras medidas que são de mais fácil interpretação são definidas por:

\begin{displaymath}PFP=P(+\vert\bar{D})=1-e\end{displaymath}

e

\begin{displaymath}PFN=P(-\vert D)=1-s\end{displaymath}

a proporção de falsos positivos e a proporção de falsos negativos.

Exercício: Calcule $s$, $e$, $PFP$ e $PFN$ para o exemplo do teste ergométrico.

shimakur 2016-02-29